domingo, 9 de outubro de 2011

Novo dia que Começa

(Foto: Paraíba boa)
É impressionante como ainda predomina, em parte dos paulistanos, uma imagem equivocada a respeito do nordeste e sua gente.

Generalizações como: “os nordestinos tem muitos filhos",  "vivem, apenas, com o salário da bolsa família" "que os paulistanos pagam muitos impostos para socorrê-los", "que são todos vagabundos” etc etc, são só algumas pérolas recorrentes que mais se ouve por aqui e que se não bastasse isso, são reverberados nas redes sociais como sendo verdades absolutas! O que mais me deixa indignado é o fato de que essas declarações tacanhas são expressas por pessoas que se acham a “última bolacha do pacote”! Perdoe-me a expressão, mas é assim que dá para classificar essa gente de visão maniqueísta e preconceituosa.  Vale salientar que essa visão míope parte de pessoas mal intencionadas, sem o mínimo conhecimento dos fatos, uma vez que, para justificar seus "argumentos" essas pessoas recorrem a mídia televisiva: “programa do Gugu”,- com seus quadros apelativos, “de volta pra minha terra”, por exemplo, servem de seus “parâmetros opinativos".   
Se pelo menos, essas pessoas soubessem que de acordo com as últimas projeções do banco central houve um crescimento na economia do nordeste em torno de 1,6% enquanto que o sudeste cresceu apenas 1,4%, não sairiam por aí bradando tanta asneira. Em outras palavras, esse crescimento significa mais investimentos do governo federal e o ingresso de empresas privadas na região. Já no sudeste houve um enfraquecimento da indústria. Não sou eu que estou afirmando, foram os últimos dados oficiais existentes no período. 
E não para por aí: de acordo com o instituto de pesquisa Data Popular, a região nordeste teve o maior crescimento da Classe C. Ou seja: três em cada 10 pessoas que ingressaram na nova classe média são nordestinas. 
E para finalizar, vale à pena destacar um outro estudo realizado em 2010 pela especialista em desenvolvimento regional, a economista e socióloga Tânia Bacelar (UFPE), intitulado "Para além do preconceito", segundo o qual, nos anos recentes houve uma dinamização na maioria dos segmentos produtivos do nordeste, fazendo com que a região fosse revisitada pelos empreendedores nacionais e internacionais com políticas sociais, política de reajuste real elevado do salário mínimo e a de ampliação significativa do crédito. Ainda segundo esse mesmo estudo, teve impacto muito positivo para o Nordeste o setor de serviços, que, liderou, junto com o Norte, as vendas no comercio varejista do país entre 2003 e 2009. Ou seja, o dinamismo do consumo atraiu investimentos para a região. As redes de supermercados, grandes magazines, indústrias alimentares e de bebidas, entre outros, expandiram sua presença no Nordeste ao mesmo tempo em que as pequenas e medias empresas locais ampliavam sua produção.

No campo educacional a política de ampliação das Universidades Federais e de expansão da rede de ensino profissional também atingiu favoravelmente o Nordeste, em especial cidades médias de seu interior. (Sumé, minha cidade natal, por exemplo, foi contemplada com um desses campus)

socióloga Tânia Bacelar enfatiza ainda que houve, também, uma Igualmente importante quebra do mito de que a agricultura familiar era inviável. Para ela, o PRONAF mais que sextuplicou seus investimentos entre 2002 e 2010 e outros programas e instrumentos de política foram criados ( seguro – safra , Programa de Compra de Alimentos, estimulo a compras locais pela Merenda Escolar, entre outros) e o recente Censo Agropecuário mostrou que a agropecuária de base familiar gera 3 em cada 4 empregos rurais do país e responde por quase 40% do valor da produção agrícola nacional. E o Nordeste se beneficiou muito desta política, segundo a especialista no assunto, pois abriga  43% da população economicamente ativa do setor agrícola brasileiro. 
Evidentemente, que há muito ainda o que se fazer em prol do desenvolvimento dessa região. Isso é fato! Agora, o que não dá é engolir calado comentários pífios de pessoas medíocres, preconceituosas e desinformadas sobre a região! Paciência tem limites, não é?

Com essas e outras só nos resta encerrar dizendo: Senhor perdoa-lhes, eles não sabem o que dizem!